sexta-feira, 14 de março de 2014

TEOLOGIA ARMINIANA: GRAÇA PREVENIENTE



A graça comum tem sido às vezes chamada de preveniente (graça que vem antes). Provavelmente, devemos restringir o termo “graça preveniente” aos aspectos da graça infinita de Deus, que vêm antes da salvação e preparam a alma para receber a graça salvadora.
Graça preveniente ou preliminar de Deus é aquela que o Espírito Santo providencia enquanto prepara uma pessoa para experimentar o nascimento espiritual. Essa preparação para o arrependimento combina misericórdia com bondade, disciplina, e providência divina para ajudar a pessoa a entender, reconhecer e responder à graça de Deus, alcançando dessa forma a salvação.
Talvez alguns recebem mais dessa graça preveniente que outros. Isto pode estar relacionado a fatores como as orações dos filhos de Deus e a resposta da pessoa à Sua graça.
Veja Mt 13:12-15; Rm 2:4. A graça de Deus concedida na salvação, começa bem antes do poder regenerador e santificador de Deus, que transforma a pessoa “das trevas... à luz e do poder de Satanás a Deus” (At 26:18).
Toda graça provém de Deus. Mas, com o propósito de compreender mais Sua obra santa, devemos falar da graça comum, preveniente, salvadora, santificadora e glorificadora. O Espírito Santo ministra em nós, pela graça de Deus, mediante diversas manifestações e formas (IPe 4:10).
Cada pessoa, em si mesma, é espiritualmente incapaz e separada do ministério do Espírito Santo e da graça de Deus. Quando nossos antepassados pecaram, perderam a habitação do Espírito Santo, a fonte da santidade. A natureza depravada que eles passaram a seus descendentes não poderia, em si mesma, agradar a Deus (Rm 8:8).

Qualquer luz ou princípio moral encontrado na consciência individual, qualquer desejo por Deus e justiça, qualquer vontade de acertar e restaurar o relacionamento com Deus resultam da expressão da graça preveniente de Deus por meio do fiel Espírito Santo.
Para as trevas espirituais, o Espírito da graça providencia luz na iluminadora misericórdia e bondade de Deus (Rm 2:4), na Palavra de Deus (SL 119: 105, 130) e na tarefa e responsabilidade espiritual de cada indivíduo (SL 51:1-4). Para a indiferença e o pecado, o Espírito produz um despertar (ICo 15:34; Ef 5:4) e a convicção de culpa perante Deus (Jo 16:8-11). Para a desesperança, o Espírito chama (Ap 22:17), ilumina as promessas de Deus (IICo 1:20) e encoraja com nova confiança (Rm 15:13; Hb 6:18-19). Para consciência da impotência (Rm 5:6), Ele providência poder capacitador (Is 40:29).
Mas a graça de Deus, através do Espírito Santo, não opera arbitrariamente enquanto procura levar alguém ao  arrependimento. A pessoa pode desprezar a obra graciosa do Espírito (Rm 2: 4-5) e permanecer inflexível. Deus guia pelo seu Espírito (Jo 6:44), mas a pessoa pode entristecer o Espírito e, rebeldemente, recusar-se a responder (Is 63:10; Ef 4:30). O Espírito contende com o pecador (Gl 6:3), mas o pecador pode resistir a Ele (At 7:51) e testá-Lo (At 5:9). O gracioso Espírito Santo pode convencer do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16: 8-11), mas a resposta da pessoa pode ser o insulto (Hb 10:29).
A Bíblia ensina claramente que o desejo humano deve cooperar com a graça de Deus. Isto é denominado sinergismo. Contudo, a Bíblia dá preeminência à graça de Deus, que toma a iniciativa na nossa salvação. “Nisto está a caridade: não em que nós tenhamos amada a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados... Nós o amamos porque ele nos amou primeiro” (IJo 4:10,19).
A graça nos dá a capacidade de Chegar a Deus. O Espírito nos conduz e nos convence. Devemos usar a capacidade dada por Deus, render-nos à direção do Espírito e submeter-nos à Sua convicção. Embora possamos recusar-nos a responder ou a submeter-nos à atividade do Espírito, não podemos evitar totalmente tal atividade. Todo ser humano, de alguma maneira e em algum momento, sente a convicção do Espírito quando ao pecado e uma inquietação ou consciência pesada até que se achegue a Cristo, o único Salvador.
A graça preveniente toca personalidade total do não-salvo. Provê luz ao intelecto, convicção à consciência e aos sentimentos, e força de vontade. Contudo, Deus respeita nossa personalidade e nossa liberdade de escolha, pois assim que Ele nos criou. Portanto, o Espírito Santo influencia, fala ao nosso coração, luta com nossa consciência e vontade, e nos convence sem forçar.
Longe da graça preveniente de Deus, nossos olhos cegos não veriam nem reconheceriam nossa necessidade espiritual. Nossos ouvidos surdos não ouviriam o chamado e a voz de Deus, e nossa consciência morta não perceberia a condução e a luta do Espírito Santo. Longe da cooperação da vontade própria, nossa alma permaneceria no pecado e sem salvação de Cristo, independentemente de ver, ouvir e sentir o ministério do Espírito, através da graça preveniente de Deus. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé” (Ef 2:8). “E nós, cooperando também com ele, vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão” (IICo 6:1).
João 1:9-11 – “Ali estava a luz verdadeira, que alumia a todo homem que vem ao mundo... Veio para o que é seu, e os seus não o receberam
Mateus 13:15 – “Porque o coração deste povo está endurecido, e ouviu de mau grado com seus ouvidos e fechou os olhos, para que não veja com os olhos, e ouça com os ouvidos, e compreenda com o coração, e se converta, e eu os cure”.

DUEWEL, Wesley L., A Grande Salvação de Deus. São Paulo. Ed. Candeia. 1999. pgs. 108-111.

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