Outra
ameaça ao povo de Deus é a influência enganadora clamando ter o divino poder,
particularmente com a segunda vinda de Cristo que está próxima. Jesus acautelou
seus discípulos que “muitos” falsos profetas afirmariam ser o Cristo e qualquer
crente se perderia ao segui-los. Esta urgente advertência e outras (vv. 33-37)
indicam o perigo de ser engando. Não haveria nenhum ponto de advertência contra
os crentes, a não ser que eles pudessem ser enganados. (dúvida nesse trecho). À
luz desse perigo, duas passagens da Escritura tem especial significado.
A
primeira passagem é Marcos 13:22: “Pois aparecerão falsos cristos e falsos
profetas que realizarão sinais e maravilhas para, se possível, enganar os
eleitos.” Cristo considera que o “eleito” (eklektoi, escolhido) pode ser
enganado? Para responder essa questão, nós precisamos decidir quem são os
eleitos. Somente em duas passagens do Evangelho o termo “eklektoi” aparece (Mt
22:14; Lc 18:7). No Antigo Testamento é utilizado para designar o povo de Deus
(Sl 105:6, 43; Is 65: 9-10). Deus tem escolhido o povo de Israel previamente
como receptor de sua salvação e para torná-los seu servo. A salvação deles,
contudo, foi com a condição de que eles a recebessem a Deus e perseverassem
nele. Do mesmo modo, no Novo Testamento, a escolha de Deus (eleição) envolve a
resposta dos indivíduos. Seu dom salvífico nunca é independente da pessoa que o
recebe[1].
Nem é o dom da salvação de natureza que o crente não possa perdê-lo.
Não
há garantia que um crente nunca irá negar o dom da salvação. Falsos profetas
podem ser convincentes – “se possível” eles vai desviá-lo do caminho. As
palavras “se possível” poderia não, contudo, ser interpretada significando que
é impossível para um crente ser levado ao desvio do caminho. Mas Marcos 13:13 e
Mateus 24:13 ensinam que somente os que perseveram continuamente podem
finalmente encontrar a salvação. Alguns vão falhar em perseverar “até o fim” e
esses serão “desviados do caminho”.
A
segunda passagem é Lucas 18:7,8: “E Deus não fará justiça aos seus escolhidos,
que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles? Digo-vos
que, depressa, lhes fará justiça. Quando, porém, vier o Filho do Homem,
porventura, achará fé na terra?”
Esses
versos são a conclusão da parábola em que Jesus fala sobre a justiça de Deus,
justificando e salvando seu povo. A parábola demonstra a atitude de Deus para
com eles; Ele vai ouvir a oração do povo escolhido sem demora e vai trazer
justiça sobre eles. Como eles clamam por Deus, Ele tem compaixão e
imediatamente responde suas orações.
Mas,
após Jesus ter oferecido incondicional segurança de responder suas orações, Ele
acrescente uma questão: “ Contudo, quando vier o Filho do Homem, porventura,
achará fé na terra?” Em outras palavras, haverá algum eleito na segunda vinda
de Cristo? A dúvida aqui é levantada – não sobre a misericórdia de Deus em
responder as orações, mas sobre a perseverança do povo escolhido de Deus. A possibilidade
do eleito falhar no caminho fica fortemente implicada nas palavras de Jesus. De
outra forma, Sua questão seria sem sentido[2].
Isso repudia a visão que ensina que o eleito “uma vez salvo, sempre salvo”.
ARRINGTON, French L. Unconditional Eternal Security – Myth or
Truth?, ed. Pathway Press,
Cleveland, Tennessee, pgs. 45-47 - Tradução - Douglas Ferreira da Silva
[1]
Alguns intérpretes fazem
uma rigorosa distinção entre as palavras chamado (kleitoi) e escolhido
(ekletoi) em Mt 22:14 “Pois muitos são chamados, mas poucos são
escolhidos". A rígida distinção não deve ser feita entre as duas palavras.
Há pouca ou nenhuma diferença, e tanto pode ser traduzida com o mesmo
significado. The melhor forma para entender a declaração à luz da parábola que
a precede (Mt 22:2-13; cf. Lc 14:15-24). Após a recusa para festa de casamento
do rei por um número de pessoas o convite foi estendido para muitos. Todos que
vieram não foram encontrados dignos de participar da festa. Uma dessas pessoas
compareceu vestido de forma inapropriada. A ideia é que muitos têm sido
convidados, mas somente alguns respondem com fé e obediência. O convite pedia
uma resposta adequada a mensagem de salvação. Os “eleitos” no verso 14 são os
que se apresentam “dignamente” na parábola. Interpretar tal verso como ensinando
que Deus tem ordenado certo número para salvação e que somente eles [ os
ordenados ] podem aceitar a mensagem do Evangelho da Salvação é um erro de hermenêutico.
Também aqui não é indicado que Deus tem predestinado algumas pessoas para
salvação e que eles são incapazes de desobedecer ao chamado do Evangelho. Graça
irresistível não está em foco nesse verso.
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